14 maio, 2005

Droga é criada com dados do genoma humano

Droga é criada com dados do genoma humano

Um medicamento que pode reduzir os riscos de ataque cardíaco, em fase de testes, pode ser o primeiro remédio feito a partir dos dados obtidos do Projeto Genoma a entrar no mercado. A novidade foi publicada ontem na ‘The Journal of the American Medical Association’Nicholas Wade escreve para o ‘New York Times’:A droga, chamada inicialmente de DG031, começou a ser desenvolvida no ano passado, quando pesquisadores do laboratório De Code Genetics descobriram, a partir do Genoma, um gene mutante em moradores da Islândia capaz de dobrar o risco de ataques cardíacos. Imediatamente foram iniciadas as pesquisas para se obter um remédio capaz de inibir esse gene.Testes preliminares mostram que o medicamento é seguroDe acordo com o estudo publicado, testes preliminares indicaram que o medicamento é seguro e eficaz na inibição do gene mutante.A droga, no entanto, segundo os pesquisadores, não atua diretamente sobre doenças cardíacas, mas diminui consideravelmente os riscos de um ataque do coração. As primeiras pesquisas indicaram uma redução de 45% do risco de um ataque em homens acima dos 40 anos.O medicamento atua inibindo o gene chamado Flap, responsável pelo envio de sinais químicos de inflamação para os leucócitos no sangue.— Trata-se de um medicamento que só foi possível graças aos conhecimentos gerados a partir do mapeamento do genoma humano. Graças a ele, conseguimos identificar uma variação genética prejudicial a uma população e desenvolver uma substância capaz de inibi-la. É a primeira vez que as descobertas a partir do projeto vão parar em testes clínicos — contou o médico Hakon Hakonarson, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da droga.Hakonarson diz ainda que a droga não será útil apenas na Islândia, pois a variação genética encontrada na região também pode ser comum em outras regiões, principalmente nos EUA e no norte da Europa. Outros estudos, no entanto, precisam ser feitos nessas populações.Droga pode chegar ao mercado em dois anosDe acordo com o Hakonarson, os testes clínicos devem começar imediatamente e, se os resultados continuarem sendo positivos, o novo remédio deve ser aprovado e liberado para a comercialização em dois anos.(O Globo, 12/5)