14 maio, 2005

Perigosas nuvens de pó

13/05/2005 Agência FAPESP - Pouca chuva, umidade baixa e uma quantidade alta de poeira no ar. Esse conjunto de fatores forma um cenário ideal para que a meningite meningocócica aflore, com grande força, em lugares como a África subsaariana. O problema pode atingir milhões de pessoas e dezenas de países.

Cientes dessas relações, pesquisadores médicos estão usando satélites da Agência Espacial Européia (ESA) para rastrear as grandes nuvens de poeira que se deslocam sobre o deserto do Saara e, depois, por cima de vários países africanos. O objetivo principal é perceber, a partir dos dados obtidos semana a semana, se existe uma relação entre o pó e as epidemias da doença, que costumam causar a morte de muitas pessoas.

A hipótese mais provável, segundo disse Isabelle Jeanne, do Centro de Pesquisa Médica e Sanitária, com base na Nigéria, em comunicado da ESA, é que as nuvens de poeira não estejam espalhando de forma direta a bactéria que causa inflamações na medula espinal ou no cérebro. A poeira, na verdade, torna as mucosas dos habitantes da África mais suscetíveis ao agente causador da meningite.

Nas épocas mais secas, acreditam os pesquisadores, quando o pó chega às cidades como se fosse um talco, pelo menos 300 milhões de pessoas, em 19 nações, ficam mais vulneráveis ao ataque da bactéria meningococus. As crianças e os idosos são os mais atingidos.

Como a doença pode ser combatida a partir de uso de antibióticos e campanhas de vacinação, entender se existe realmente uma relação entre as nuvens e as epidemias é fundamental para que o controle da meningite na África possa ser mais eficiente. Com os mapas de poeira feitos via satélite, a expectativa é que uma espécie de sistema de alerta para epidemiais possa ser montado nos próximos anos.