11 março, 2006

Rotavírus

A infecção causada pelo Rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia líquida e duração limitada a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo ocorrer também casos assintomáticos.

Os Rotavírus, eliminados em alta quantidade nas fezes de crianças infectadas, são transmitidos pela via fecal-oral, por água ou alimentos, por contato pessoa-a-pessoa, objetos contaminados e, provavelmente, também por secreções respiratórias, mecanismos que permitem uma alta capacidade de alastramento dessa doença.

O Rotavírus vem sendo considerado, em todo o mundo, o principal responsável por diarréia em crianças menores de 5 anos. Praticamente todas as crianças se infectam nos primeiros anos de vida, porém, os casos graves ocorrem principalmente em crianças até 2 anos de idade, sendo que, crianças prematuras, de baixo nível sócio-econômico ou com deficiência imunológica estão mais sujeitas a desenvolver um quadro mais grave da doença. Em adultos, é mais rara, tendo sido registrados surtos em espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho ou em hospitais.

As práticas higiênicas tradicionais e universais como lavagem de mãos, controle da qualidade da água e dos alimentos, destino adequado dos dejetos e do esgoto, imprescindíveis para a prevenção de quaisquer surtos de diarréia, não têm sido suficientes para redução da incidência da infecção pelo Rotavírus. Evidências nesse sentido são as extensas epidemias cíclicas da doença em países desenvolvidos mostrando que a perspectiva de prevenção dessa doença está no desenvolvimento de uma vacina; contudo, não existe ainda, no mundo, nenhuma vacina disponível para isso.

Nesse sentido, além de ser necessária a observação de normas rígidas de higiene no cuidado com as crianças, e principalmente nos espaços como creches, escolas, hospitais e outros ambientes de estreito convívio entre as crianças, várias medidas são preconizadas para a sua prevenção:

1) Estímulo ao aleitamento materno parece ter fundamental importância pelos altos níveis de anticorpos contra o Rotavírus;

2) Encaminhamento imediato ao serviço médico de crianças com diarréia, e principalmente, das que convivem em creches, para o diagnóstico da doença e tratamento, bem como seu afastamento da creche para prevenir novos casos e surtos;

3) O médico deve levantar dados da história da doença, antecedentes epidemiológicos, que ao lado do exame clínico podem sugerir fortemente a infecção pelo Rotavírus, contudo, como as manifestações clínicas não são específicas, deve solicitar o exame de fezes, pois a confirmação laboratorial será necessária para confirmação da doença e para subsidiar a investigação a ser realizada pela vigilância epidemiológica.

A época ideal para detecção do vírus nas fezes vai do primeiro ao quarto dia de doença, período de maior excreção viral. O método de maior disponibilidade é a detecção de antígenos, por ELISA, nas fezes.

4) Surtos de diarréia devem ser notificados imediatamente à Vigilância Epidemiológica.

Os surtos de diarréia por Rotavírus necessitam ser investigados minuciosamente quanto à sua origem, se em domicílio, creches, escolas, hospitais, problemas ambientais/na comunidade, etc., para se conhecer as possíveis causas/fatores de transmissão e para que as medidas mais eficazes de controle e prevenção possam ser adotadas o mais precocemente possível.

5) As orientações para a população em geral em relação aos cuidados com a criança com diarréia por Rotavírus são os mesmos para as diarréias em geral, lembrando que os quadros podem ser mais graves em crianças menores de 2 anos. Mães de crianças com início de sintomas de diarréia ou vômitos, devem ser orientadas para oferecer imediatamente o soro caseiro ou sais hidrantes e água tratada para prevenir a desidratação, não suspender a alimentação e procurar imediatamente o serviço médico para o tratamento adequado.