20 julho, 2005

57ª Reunião da SBPC em Fortaleza

Fortaleza sediou a 57ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, este evento percorre vários estados brasileiros e chegou cheio de novidades. Foram vários eventos paralelos envolvendo as mais diversas áreas como biologia, matemática, física,química, astronomia, filosofia e outros. Para os jovens encontramos a tenda SESC com uma intensa programação cultural, exposição de livros, feira tecnológica, feira de ciências, espaço cultural, palestras entre outros. Confira as fotos.

09 julho, 2005

Moléculas de autodefesa

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Experimentos realizados no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, chegaram a uma conclusão importante: moléculas presentes na pele de alguns peixes brasileiros, como o pacu, o tambacu e o tambaqui, apresentam substâncias com atividades antimicrobianas. Segundo a pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, entre as moléculas analisadas no muco que reveste a pele dos peixes se destacaram as proteases e os peptídeos.

Os peptídeos são capazes de desestabilizar a membrana celular dos microrganismos que atingem os peixes. A ação antimicrobiana das proteases está relacionada à fragmentação de proteínas da membrana do parasita, fazendo com que eles morram ou se desliguem de seu hospedeiro. “Esses peixes de água doce produzem naturalmente essas moléculas, pois o muco que reveste a pele deles é a primeira barreira de defesa contra a ação de microrganismos”, disse Cristiane Martins de Salles, coordenadora do estudo, à Agência FAPESP. “E existem algumas classes de peptídeos encontradas na pele dos peixes que podem até servir para a formulação de medicamentos contra enfermidades humanas.”

Cristiane explica que as proteases são enzimas que participam de vários processos metabólicos e que, por conta disso, também são consideradas alvos valiosos para o desenvolvimento de fármacos. Por enquanto, os pesquisadores estão concentrados em desenvolver moléculas que consigam manipular a atividade enzimática das proteases nos peixes. “Com isso, será possível aumentar a atividade protetora das proteases para que os peixes consigam se defender melhor”, explica.

Com base na análise dos mecanismos de defesa dos peixes, a idéia é criar armas mais eficientes contra as pragas e menos agressivas ao meio ambiente. “Os ataques de bactérias e fungos provocam uma mortalidade muito grande em peixes de cativeiros. Aumentando a defesa desses animais será possível aumentar sua produtividade, sem contar que o criador poderá economizar com a aplicação de antibióticos”, disse Cristiane.

Estufa sobre rodas

Agência FAPESP - Que carros estacionados sob o sol ficam muito quentes, não é novidade. Mas um novo estudo mostra que a temperatura no interior dos veículos pode atingir níveis perigosos mesmo em dias mais amenos.

Catherine McLaren e James Quinn, do Centro Médico da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, analisaram carros estacionados em dias ensolarados com temperaturas entre 22ºC e 36ºC. Eles verificaram que o interior dos veículos ficou em média 4,5ºC mais quente em apenas uma hora, independentemente da temperatura externa. Oitenta por cento da elevação ocorreu na primeira meia hora.

Os pesquisadores apontam para o perigo de deixar crianças dentro de carros estacionados enquanto o pai ou a mãe vai realizar alguma atividade, como fazer compras. É comum achar que, em dias com temperaturas mais baixas, tal prática é segura, mas os pesquisadores alertam para o engano. “Há casos de crianças que morreram em dias com 21ºC”, diz Catherine.

“A temperatura ambiente pouco importa, o que conta realmente é se o dia está ensolarado ou não”, explica Quinn. Segundo o pesquisador, da mesma forma que o sol aquece uma estufa de plantas no inverno, ele faz o mesmo em um carro estacionado. Nos dois casos, a elevação de temperatura se dá pelo aquecimento da massa de ar presa dentro do veículo.

“Sabemos que carros se aquecem sob o sol, mas não imaginávamos que o aquecimento fosse tão rápido”, disse Catherine. Segundo os pesquisadores, medidas como deixar os vidros um pouco abertos ou ligar o ar-condicionado pouco antes de estacionar, para resfriar o interior dos automóveis, são ineficientes. As duas medidas não tiveram impacto significativo sobre a temperatura atingida após uma hora.

“A solução é muito simples: não deixar crianças sozinhas dentro de automóveis”, disse a cientista norte-americana. Os resultados do estudo estão publicados na edição de julho do periódico Pediatrics.