25 dezembro, 2005

Caçadores de vírus

Pesquisadores na Amazônia vão rastrear a chegada de doenças como a gripe aviária e a febre do oeste do Nilo 22/12/2005 Por Fabrício Marques

Revista Pesquisa FAPESP

As férias de julho foram de muito trabalho para um grupo de pesquisadores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP). A bordo de um jipe e de uma picape, eles se embrenharam por trilhas na Floresta Amazônica com a missão de coletar material biológico de aves, insetos e outros animais. Objetivo: municiar pesquisas que buscam rastrear a chegada de doenças como a gripe aviária ou a febre do oeste do Nilo, transportadas por aves migratórias.

A escolha da Amazônia não foi casual. De um lado, a riqueza de sua biodiversidade e o impacto do desmatamento descontrolado favorecem o surgimento de viroses emergentes. De outro, a Região Norte do Brasil é a porta de entrada das principais rotas migratórias de aves, que podem trazer essas moléstias.

“A vigilância epidemiológica da região é importantíssima”, explica o biólogo Luciano Matsumya Thomazelli, participante da expedição. Encerrada a empreitada, na qual percorreram cerca de 9 mil quilômetros passando por dez estados brasileiros, voltaram a São Paulo de bagagem cheia. Haviam coletado amostras de sangue, fezes e secreção oral de mais de 400 patos, perus, aves silvestres, insetos e morcegos, que agora são analisadas no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Nesse tipo de levantamento, os pesquisadores buscam encontrar os primeiros sinais da entrada das doenças emergentes e, assim, deflagrar com rapidez estratégias de prevenção e de tratamento. Os primeiros resultados desse esforço mostram que, por enquanto, não há indícios de animais infectados. Mas o monitoramento vai continuar e deve estender-se por vários estados. O temível vírus H5N1, que produziu epidemias em países asiáticos, foi detectado em aves migratórias achadas mortas em vários países da Europa.

03 dezembro, 2005

Guaraná contra o câncer

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - O guaraná (Paulinia cupana) pode ter um importante potencial quimiopreventivo, segundo pesquisa feita na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP).

Os pesquisadores do Laboratório de Oncologia Experimental injetaram células de melanoma, um tipo especifico de câncer de pele, nas veias de cinco camundongos. As células se instalaram no pulmão dos animais. Em seguida, todos receberam apenas guaraná em pó durante 14 dias.

“O objetivo foi avaliar o crescimento das células cancerosas no pulmão dos animais. E elas se proliferaram bem mais devagar do que normalmente ocorre”, disse Heidge Fukumasu, pesquisador responsável pelo estudo, à Agência FAPESP.

Fukumasu havia estudado anteriormente a relação. No estudo anterior, depois de serem alimentados com guaraná durante 25 semanas, os animais, que estavam com tumores induzidos no fígado, foram sacrificados e examinados. “Verificamos que nas cobaias tratadas com guaraná o número de lesões diminuiu. As células cancerosas também se proliferaram mais lentamente”, conta.

Outro experimento reforçou a hipótese do potencial quimiopreventivo. Camundongos saudáveis foram primeiro tratados com guaraná e depois receberam a injeção para a indução de tumor hepático. Quando analisados, constatou-se que havia menos lesões nesses animais em comparação a um grupo controle não alimentado com guaraná.

Fukumasu destaca que ainda não se pode afirmar que o guaraná tem algum tipo de eficiência no combate ao câncer. “Mas estamos formando uma ampla base de evidências para poder isolar, no extrato do guaraná, os princípios ativos responsáveis pelos efeitos que verificamos”, explica.