29 maio, 2005

Veneno de aranha tem Viagra e antibiótico

Grupos da Unifesp e do Chile testam substâncias contra impotência e cáries, bem como anticoncepcional

Reinaldo José Lopes escreve para a ‘Folha de SP’:

A aranha conhecida como viúva-negra ocupa, com razão, cadeira cativa nos pesadelos masculinos: afinal, nenhum macho se sente seguro perto de uma fêmea cuja principal característica é assassinar o parceiro depois do sexo.

Mas, graças a pesquisadores brasileiros e chilenos, pode ser que o aracnídeo se transforme em sinônimo de prazer sexual.

A esperança vem de moléculas isoladas do veneno das viúvas-negras que vivem nos Andes por pesquisadores da Universidade de la Frontera, no Chile, e da Unifesp (Universidade Federal de SP).

Uma das substâncias tem potencial para se tornar um novo Viagra, segundo a equipe. De quebra, outras substâncias do veneno poderiam virar anticoncepcionais, antibióticos e até anticáries.

O aracnídeo, conhecido cientificamente como Latrodectus mactans, chamou a atenção dos pesquisadores graças aos relatos das pessoas que têm a má sorte de ser picadas por ele.

Se for do sexo masculino, além de suar em bicas e ter taquicardia, o sujeito sofre uma tremenda ereção involuntária (fenômeno conhecido como priapismo pelos médicos), que pode durar três dias. ‘O pênis fica rígido e escuro’, conta o químico Antonio de Miranda, do Depto. de Biofísica da Unifesp.

O pesquisador conhecia o chileno Fernando Romero, coordenador dos estudos sobre o veneno da aranha, desde que ele havia feito seu doutorado em SP, o que os estimulou a trabalhar juntos para entender os efeitos da substância.

‘Poderíamos criar uma espécie de Viagra’, afirma Miranda. A equipe da universidade chilena já tinha estabelecido colônias da espécie no laboratório, o que facilitava esse objetivo.

‘Hoje dispomos de tecnologias que nos permitem manejar o processo de reprodução sem mudar as condições ecológicas do animal’, afirma Romero, que trabalha no projeto ao lado de Raúl Salvaticci.

Na natureza, diz o pesquisador, as fêmeas do aracnídeo alimentam de três a quatro machos até a maturidade, quando então os utilizam para várias fertilizações e depois os matam.

O estudo cuidadoso das substâncias que compõem o veneno da viúva-negra conseguiu identificar diversas neurotoxinas (substâncias que agem sobre o sistema nervoso). Uma delas, um peptídeo (fragmento de proteína) parece ser o que causa a ereção em quem é picado. ‘Ele deve produzir um efeito vasodilatador muito forte nos corpos cavernosos [as estruturas ‘ocas’] do pênis’, afirma o pesquisador chileno.

Espermatozóide lento

Outro peptídeo tem ação ainda mais curiosa: ele diminui a mobilidade dos espermatozóides, o que levou os pesquisadores a pensar nele como um possível anticoncepcional masculino.

Miranda, da Unifesp, diz que ainda não se pode afirmar com certeza como a substância age, mas parece haver uma interferência sobre os canais de íons -uma espécie de jato molecular usada pelos espermatozóides para nadarem.

Finalmente, outra substância, da família química das poliaminas, mostrou ter boa ação antibiótica contra bactérias, em especial a Streptococcus mutans, causadora das cáries. No caso da atividade estimuladora do primeiro peptídeo, o trabalho já avançou consideravelmente, diz Miranda.

A aplicação do peptídeo isolado em ratos, camundongos e coelhos conseguiu o resultado que um humano que sofre de impotência esperaria: um efeito muito rápido, em doses relativamente pequenas e, aparentemente, sem as reações negativas causadas pelo veneno.

Agora, além de avançar nos estudos in vitro e em animais, a equipe pretende melhorar as moléculas com as quais a evolução dotou a L. mactans, criando versões sintéticas delas. Só assim será possível patentear futuros medicamentos com base nas substâncias.

‘Acho que a questão dos testes clínicos foge um pouco da nossa alçada’, diz Miranda. Quando as substâncias estiverem prontas para os primeiros testes em humanos, a equipe deve passar a bola para a empresa farmacêutica chilena Silesia, que poderá transformar as moléculas em produtos. Se a idéia vingar, cada universidade receberá 40% do valor da patente, e os 20% restantes serão da Silesia.

O estudo recebe financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), do Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro, do órgão equivalente no Chile, o Fondef-Conicyt. (Folha de SP, 24/5)

Olho de dinossauro

Divulgando a cultura científica Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 29/05/2005

Detalhe do olho da escultura do titanossauro (foto:Ronaldo Aguiar) Notícias

Dinossauros quase reais 25/05/2005

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Ele vai dar boas-vindas aos visitantes logo no hall de entrada do prédio do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, localizado no bairro do Ipiranga. A réplica do esqueleto do carnotauro tem 4 metros de altura por 7 metros de comprimento.

“Esse réptil integra a linhagem dos dinossauros que deram origem às aves”, explica Miriam David Marques, diretora da divisão de difusão cultural do museu, à Agência FAPESP. “O modelo de carnotauro foi feito pelas oficinas do Museu de História Natural Bernardino Rivadavia, de Buenos Aires.”

Os dinossauros que chegam ao Ipiranga estão inseridos em um contexto maior. A presença dos grandes répteis faz parte do módulo Evolução do Vôo, que passa a integrar a exposição permanente do museu a partir da terça-feira (31/5). “Em seguida, teremos também os insetos, que passaram a voar muito antes dos répteis, as aves e os mamíferos, esses representados pelos morcegos”, explica Miriam.

O imponente carnotauro – fósseis verdadeiros desse dinossauro foram encontrados em 1984 no sul da Argentina -não estará sozinho. Vem acompanhado por um pterossauro, um titanossauro, um arqueopterix e o famoso velociraptor, réptil que ficou eternizado no filme Parque dos Dinossauros.

A réplica em tamanho natural que poderá ser vista no museu da USP tem duas diferenças básicas em relação ao astro do cinema. Ela será bem menor – o diretor de Steven Spielberg dobrou o tamanho do animal para que ele ficasse mais assustador no cinema – e terá metade do corpo recoberto por penas, como o mais recente fóssil dessa espécie encontrado na China.

O trio formado pelo carnotauro, velociraptor e arqueopterix é que teria dado origem às aves modernas. O último dinossauro dessa lista foi o primeiro do grupo a desenvolver penas e asas. Mesmo assim, ele manteve características dos répteis, como a cauda muito longa, dentes e membros anteriores com dedos terminados em garras.

Escadaria acima e, não por acaso, os visitantes do museus verão dependurados sobre suas cabeças duas réplicas de pterossauros. “Esses sim foram os primeiros dinossauros que efetivamente voaram”, aponta Miriam.

Os primeiros não-insetos que viram o solo de cima para baixo foram baseados em fósseis encontrados no Nordeste do Brasil. “Todas as demais réplicas foram feitas aqui no Brasil. Contamos com o auxílio de um artista argentino, Jorge Blanco, para a pintura das peças e a confecção dos painéis”, explica a diretora do museu.

Mais informações sobre a exposição no endereço: www.mz.usp.br

21 maio, 2005

Infecção nativa

18/05/2005 Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Evitar o contato com outras sociedades pode não prevenir os índios brasileiros de serem infectados por determinadas doenças, como a toxoplasmose. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, em que foram comparadas amostras de sangue de tribos com diferentes níveis de contato com populações não-indígenas.

Três grupos fizeram parte do estudo: os Tiriyó (Pará), os Waiãpi (Amapá) e os Enawenê-nawê (Mato Grosso). O objetivo dos pesquisadores do Laboratório de Toxoplasmose do IOC foi detectar a presença de anticorpos contra o Toxoplasma gondii, o parasita causador da doença.

“A toxoplasmose se manifestou em maior escala na tribo Enawenê-nawê, independentemente do contato com a população não-indígena”, disse a coordenadora do estudo, a parasitologista Maria Regina Amendoeira, à Agência FAPESP. Os estudiosos verificaram uma taxa de infecção de 80,4% na tribo matogrossense.

Entre as tribos Tiriyó e Waiãpi, as taxas de infecção foram de 55% e 59%, respectivamente. Nesses dois locais, as famílias tinham hábitos sanitários mais parecidos com os de sociedades mais urbanizadas.

A hipótese de trabalho de Maria Regina é que as infecções encontradas entre os índios do Mato Grosso são causadas pelas fezes de felinos silvestres. “Esses hospedeiros definitivos do parasita normalmente habitam as mesmas regiões isoladas onde vivem os índios da tribo Enawenê-nawê”, explica a pesquisadora. Gatos ou onças silvestres eliminam cistos do T. gondii no solo dessas regiões menos urbanizadas.

A toxoplasmose pode ainda ser transmitida pela ingestão de carnes vermelhas mal-passadas. Para Maria Regina, esta possibilidade está descartada no caso das tribos estudadas. “No caso dos índios Enawenê-nawê o alto nível de infecção pode ser explicado pelo consumo de água e de vegetais contaminados”, explica.

Coréia faz clones humanos

Coréia faz 11 clones para estudar doenças

Grupo de pesquisadores que fez primeira cópia genética de ser humano dá o 1º passo para aplicação terapêutica da técnica

Reinaldo José Lopes escreve para a ‘Folha de SP’:

Os mesmos cientistas sul-coreanos que surpreenderam o mundo no ano passado ao anunciar a primeira clonagem de um embrião humano acabam de dar o passo seguinte: com a mesma técnica, criaram onze linhagens de células-tronco embrionárias.

Trata-se da primeira aplicação prática da clonagem humana, no desenvolvimento da chamada clonagem terapêutica, que poderia criar tecidos extra sem riscos de rejeição.

Woo Suk Hwang, pesquisador da Universidade Nacional de Seul que comandou o trabalho, disse que se tratava ‘de um passo gigantesco’ numa teleconferência promovida pela revista ‘Science’. O periódico publica hoje os resultados na sua edição eletrônica (http://www.sciencexpress.org).

‘No ano passado, foram necessários 252 óvulos para conseguir uma única linhagem. Essa eficiência foi melhorada em dez vezes’, destacou Gerald Schatten, pesquisador da Universidade de Pittsburgh (EUA) e único não-coreano do grupo.

A técnica, a rigor, é a mesma que criou todos os clones de mamífero até hoje, desde a lendária ovelha Dolly: células das pessoas clonadas serviram como doadoras do núcleo, a estrutura que contém o DNA.

Os núcleos foram fundidos a óvulos dos quais essa estrutura tinha sido extraída, o que desencadeou o desenvolvimento de embriões.

As semelhanças, no entanto, param aí. As células coreanas foram abrigadas por uma ‘cama’ nutritiva formada por células dos próprios doadores -e não de camundongos, como é praxe.

Isso significa que elas não estão contaminadas com eventuais vírus dos roedores, o que já melhoraria muito as perspectivas de seu uso terapêutico – embora os pesquisadores deixem claro que essa hora ainda vá demorar a chegar.

Doadores doentes

A identidade dos doadores dos núcleos aponta tanto as possibilidades terapêuticas quanto o verdadeiro uso que as células ainda terão por muito tempo.

Nove deles são pessoas com lesões na medula espinhal, enquanto os outros dois são portadores de diabetes tipo 1 e CGH (doença grave do sistema de defesa do organismo).

‘Um dos motivos para escolher essas pessoas é que seus problemas estão relacionados a tipos básicos de tecido do corpo’, explica Schatten.

Estudando as 11 linhagens, os pesquisadores seriam capazes de acompanhar, passo a passo, como se formam as células nervosas (lesadas por quem sofreu um ferimento na medula) ou as células beta do pâncreas (que são destruídas pelo próprio corpo nas pessoas com diabetes tipo 1).

Essa deve ser a aplicação mais imediata das células-tronco: entender os mecanismos básicos de cada doença.

‘As células estabelecidas de gente com doenças genéticas representam um modelo muito poderoso para pesquisa básica’, avalia Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora da USP que trabalha com o tema.

Rosalia Otero, que estuda células-tronco adultas na UFRJ, concorda: ‘Como eles mesmos ressaltam no artigo, isso permitirá o desenvolvimento de uma área que eles chamam de ‘research cloning’, ou clonagem investigativa’.

Cautelosos, tanto Hwang quanto Schatten dizem ter chamado a atenção dos próprios doadores para o conceito: ‘Deixamos claro que não haveria benefício terapêutico’, diz o americano. Schatten, no entanto, afirma que o potencial terapêutico é real.

‘Para um futuro transplante, retirar células-tronco de embriões de clínicas de fertilização pode não ser suficiente para cobrir toda a diversidade dos pacientes. Com essa técnica, a coisa fica simples.’

É bom lembrar o outro lado da moeda: se a doença for de fundo genético, é provável que as células clonadas do próprio paciente sofram do mesmo problema. Nesse caso, o único caminho seriam células-tronco de outras pessoas.

Cópia britânica

Também nesta quinta-feira, cientistas britânicos anunciaram seu primeiro sucesso na clonagem de um embrião humano, informou a rede BBC. Eles agora chegaram ao estágio em que o grupo coreano estava no ano passado.

Os resultados foram obtidos por um grupo da Universidade de Newcastle, a partir de óvulos de 11 mulheres e de células-tronco embrionárias. Três dos clones resultantes viveram e se desenvolveram em laboratório por três dias. Um sobreviveu por cinco dias.

Regulação clara impulsiona orientais

‘Fico me perguntando porque o último autor do artigo é o único dos EUA. Fica parecendo que a Coréia do Sul virou o ‘paraíso fiscal’ da clonagem terapêutica’, brincou Lygia Pereira, da USP, ao comentar o estudo.

Há boa dose de verdade no comentário: afinal, o papel dos EUA na corrida científica para desenvolver a clonagem terapêutica encolheu, em parte, por causa das normas restritivas do governo George W. Bush.

Por enquanto, nenhuma forma de clonagem é permitida no país, e Bush limitou o financiamento público aos estudos com células-tronco embrionárias humanas às linhagens que já existem.

Por outro lado, Schatten deixa claro que o mérito é todo de Hwang e seus colegas. O biólogo destacou a clareza das instituições regulatórias da Coréia do Sul como fundamentais para o trabalho:

‘O governo coreano transformou a clonagem reprodutiva em crime e, ao mesmo tempo, criou as condições para que essa importante pesquisa acontecesse’. Segundo Schatten, até a destreza manual dos técnicos orientais contribuiu para o êxito.

Apesar das restrições federais, o Estado da Califórnia destinou US$ 3 bilhões à pesquisa com células embrionárias. Na próxima semana, o Congresso dos EUA deve votar uma lei sobre o tema.

A bola provavelmente mostraria outros países orientais na vanguarda. Tanto Cingapura quanto a China têm anunciado investimentos na área. Na Europa, o Reino Unido está à frente.

Esperança de doentes é novo desafio ético

Em dado momento da teleconferência, Hwang aproveita para corrigir a pergunta de um jornalista antes de respondê-la: ‘Não são embriões. São condutos de transferência nuclear’, afirmou num inglês quase ininteligível. Essa é só uma das questões bioéticas que ainda cercam esse tipo de pesquisa: para muita gente, usar os blastocistos como cobaias ou fontes de células equivale a assassinar um ser humano.

Não é essa a opinião dos bioeticistas David Magnus e Mildred Cho, da Universidade Stanford, EUA. A dupla comentou o estudo para a ‘Science’ e participou da coletiva.

‘Essas coisas, seja lá o que forem, não são gente’, disse Magnus, que vê menos problemas éticos na clonagem do que na destruição de embriões que sobraram de clínicas de fertilização.

Para eles, há dois outros problemas sérios: a expectativa de cura dos pacientes e os riscos para as doadoras de óvulos. ‘As pessoas não podem se enganar com a suposta proximidade de uma terapia’, diz Cho.

‘O próprio termo ‘clonagem terapêutica’ é enganoso.’

Eles sugerem que a expressão seja substituída por ‘pesquisa com células-tronco embrionárias’.

Isso evitaria que mulheres doassem seus óvulos na esperança de ajudar um parente com uma doença incurável, achando que a terapia está próxima. Para doar, é preciso passar por estimulação do ovário, que envolve riscos (baixos) de dor e infertilidade.

Todos concordam que a clonagem reprodutiva está fora de questão em humanos. ‘É anti-ética e pode até ser biologicamente impossível’, diz Hwang. (Folha de SP, 20/5)

14 maio, 2005

Perigosas nuvens de pó

13/05/2005 Agência FAPESP - Pouca chuva, umidade baixa e uma quantidade alta de poeira no ar. Esse conjunto de fatores forma um cenário ideal para que a meningite meningocócica aflore, com grande força, em lugares como a África subsaariana. O problema pode atingir milhões de pessoas e dezenas de países.

Cientes dessas relações, pesquisadores médicos estão usando satélites da Agência Espacial Européia (ESA) para rastrear as grandes nuvens de poeira que se deslocam sobre o deserto do Saara e, depois, por cima de vários países africanos. O objetivo principal é perceber, a partir dos dados obtidos semana a semana, se existe uma relação entre o pó e as epidemias da doença, que costumam causar a morte de muitas pessoas.

A hipótese mais provável, segundo disse Isabelle Jeanne, do Centro de Pesquisa Médica e Sanitária, com base na Nigéria, em comunicado da ESA, é que as nuvens de poeira não estejam espalhando de forma direta a bactéria que causa inflamações na medula espinal ou no cérebro. A poeira, na verdade, torna as mucosas dos habitantes da África mais suscetíveis ao agente causador da meningite.

Nas épocas mais secas, acreditam os pesquisadores, quando o pó chega às cidades como se fosse um talco, pelo menos 300 milhões de pessoas, em 19 nações, ficam mais vulneráveis ao ataque da bactéria meningococus. As crianças e os idosos são os mais atingidos.

Como a doença pode ser combatida a partir de uso de antibióticos e campanhas de vacinação, entender se existe realmente uma relação entre as nuvens e as epidemias é fundamental para que o controle da meningite na África possa ser mais eficiente. Com os mapas de poeira feitos via satélite, a expectativa é que uma espécie de sistema de alerta para epidemiais possa ser montado nos próximos anos.

Droga é criada com dados do genoma humano

Droga é criada com dados do genoma humano

Um medicamento que pode reduzir os riscos de ataque cardíaco, em fase de testes, pode ser o primeiro remédio feito a partir dos dados obtidos do Projeto Genoma a entrar no mercado. A novidade foi publicada ontem na ‘The Journal of the American Medical Association’Nicholas Wade escreve para o ‘New York Times’:A droga, chamada inicialmente de DG031, começou a ser desenvolvida no ano passado, quando pesquisadores do laboratório De Code Genetics descobriram, a partir do Genoma, um gene mutante em moradores da Islândia capaz de dobrar o risco de ataques cardíacos. Imediatamente foram iniciadas as pesquisas para se obter um remédio capaz de inibir esse gene.Testes preliminares mostram que o medicamento é seguroDe acordo com o estudo publicado, testes preliminares indicaram que o medicamento é seguro e eficaz na inibição do gene mutante.A droga, no entanto, segundo os pesquisadores, não atua diretamente sobre doenças cardíacas, mas diminui consideravelmente os riscos de um ataque do coração. As primeiras pesquisas indicaram uma redução de 45% do risco de um ataque em homens acima dos 40 anos.O medicamento atua inibindo o gene chamado Flap, responsável pelo envio de sinais químicos de inflamação para os leucócitos no sangue.— Trata-se de um medicamento que só foi possível graças aos conhecimentos gerados a partir do mapeamento do genoma humano. Graças a ele, conseguimos identificar uma variação genética prejudicial a uma população e desenvolver uma substância capaz de inibi-la. É a primeira vez que as descobertas a partir do projeto vão parar em testes clínicos — contou o médico Hakon Hakonarson, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da droga.Hakonarson diz ainda que a droga não será útil apenas na Islândia, pois a variação genética encontrada na região também pode ser comum em outras regiões, principalmente nos EUA e no norte da Europa. Outros estudos, no entanto, precisam ser feitos nessas populações.Droga pode chegar ao mercado em dois anosDe acordo com o Hakonarson, os testes clínicos devem começar imediatamente e, se os resultados continuarem sendo positivos, o novo remédio deve ser aprovado e liberado para a comercialização em dois anos.(O Globo, 12/5)

Visita ao laboratório de robótica médica na Alemanha

As possibilidades de interações entre as diversas disciplinas e profissões é uma constante no mundo atual, por exemplo, se você gosta de física, biologia ou ciências da saúde, uma opção é fazer uma pós graduação que integre estas áreas. Temos cearenses formados em física, mestres em bioengenharia, fazendo doutorado em robótica médica na Alemanha. Confira as fotos.